
O setor da aquacultura no Algarve, uma região com forte tradição piscatória e em crescimento na produção de peixe em cativeiro, tem vindo a enfrentar desafios preocupantes, incluindo roubos de elevado valor comercial e outras perturbações que afetam a atividade dos produtores.
Recentemente, foram assinalados furtos de espécies de alto valor, como atum-rabilho e corvina, de uma aquicultura na região, nomeadamente numa armação situada em frente à Praia do Barril. Estes incidentes, que causam prejuízos significativos às empresas, levantam questões sobre a segurança e a vulnerabilidade destas instalações, relatados pelo Jornal do Algarve.
Apesar da crescente importância da aquacultura para a economia algarvia – a produção aquícola representou 57% da produção nacional em 2022, com 10.792 toneladas – os investimentos em segurança parecem não acompanhar o ritmo, deixando os produtores expostos a este tipo de crimes. O elevado valor comercial do pescado torna as pisciculturas alvos apetecíveis para redes de furto organizadas.
Outras Perturbações e Medidas de Prevenção
Para além dos roubos, as pisciculturas do Algarve têm sido palco de outros incidentes, nomeadamente a morte de aves protegidas, como flamingos, que ficam presas nas redes de proteção dos tanques.
Uma empresa e o seu administrador em Faro foram inclusive condenados pela morte de 24 aves, incluindo 8 flamingos, que sucumbiram após ficarem enredadas em fios de nylon quase invisíveis.
A legislação exige licenças do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) para a instalação destas redes, que devem garantir a proteção das espécies selvagens, mas o problema persiste em muitas instalações.
Face a estes desafios, os produtores e as autoridades procuram soluções para reforçar a segurança e mitigar os impactos. As medidas para prevenir roubos e perdas em empresas, que podem ser adaptadas às pisciculturas, incluem medidas de controlo de acesso rigoroso, com a implementação de sistemas que controlem a entrada e saída de pessoas e veículos nas instalações.
Também sistemas de videovigilância com câmaras de monitorização 24 horas por dia em pontos estratégicos, com possibilidade de monitorização remota; alarmes e sensores de movimento para detetar intrusões e acessos não autorizados.
A vigilância humana passa pela contratação de equipas de segurança treinadas; a gestão de inventário pela Implementação de softwares e tecnologias como RFID (Radio Frequency Identification) para um controlo mais eficaz do stock de peixe.
É fundamental manter as instalações bem iluminadas, incluindo as áreas de acesso e os tanques e reforçar a colaboração com as autoridades, denunciando os incidentes e, també, trabalhar em conjunto com a GNR e a Polícia Marítima para investigar os crimes e reforçar o patrulhamento.
As entidades responsáveis, em colaboração com os produtores, são chamadas a implementar planos de segurança abrangentes que considerem as especificidades da aquacultura, protegendo não só os ativos das empresas, mas também a fauna selvagem que coexiste com estas explorações.