O Apagão na Austrália do Sul em Setembro de 2016
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O Apagão na Austrália do Sul em Setembro de 2016

O recente apagão em Espanha, Portugal e França, no qual se questionou o desenvolvimento das energias renováveis em desenvolvimento, teve um antecedente no território da Austrália, há cerca de oito anos. Eis os dados.

Em 28 de setembro de 2016, uma tempestade severa, descrita como um evento de uma em 50 anos, atingiu a Austrália do Sul com ventos de força de furacão e relâmpagos. A tempestade causou danos extensos à infraestrutura de transmissão de eletricidade, derrubando 23 torres de transmissão e três das quatro principais linhas de transmissão que ligam a capital, Adelaide, ao norte e oeste do estado. Isso levou a uma série de seis quedas de voltagem na rede da Austrália do Sul em um período de dois minutos, resultando na perda quase total do fornecimento de eletricidade para 850.000 clientes em todo o estado.

A Culpa Inicial Atribuída às Renováveis:
Imediatamente após o apagão, houve uma campanha política e mediática intensa que culpou a elevada quota de energias renováveis (especialmente eólica) na Austrália do Sul. Políticos conservadores e alguns comentadores argumentaram que a dependência do estado de fontes de energia intermitentes tornava a rede vulnerável.

O então primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, chegou a declarar que o apagão era um “alarme” sobre as energias renováveis.

As Conclusões das Investigações:
Contrariamente às acusações iniciais, as investigações do Australian Energy Market Operator (AEMO) e da Australian Energy Regulator (AER) concluíram que:

  • Danos na Transmissão: A principal causa do apagão foi o dano físico extenso às linhas de transmissão causado pela tempestade extrema.
  • Mecanismos de Proteção das Eólicas: Após as falhas nas linhas de transmissão e as subsequentes quedas de voltagem, nove parques eólicos na região ativaram os seus mecanismos de proteção, o que levou à sua desconexão automática para evitar danos ao equipamento. Esta desconexão resultou numa perda repentina de cerca de 456 megawatts de energia eólica.
  • Gestão da Rede e Software: Embora a desconexão dos parques eólicos tenha contribuído para a cascata de eventos, os relatórios indicaram que o problema não foi a falha da energia eólica em si, mas sim a forma como o sistema da rede respondeu. Houve questões relacionadas com as definições de software incorretas em alguns geradores (incluindo alguns a gás que permaneceram inativos) e a incapacidade de manter a estabilidade da rede após a separação da Austrália do Sul do resto da rede nacional.
  • Não Falha das Renováveis: AEMO e outros especialistas deixaram claro que a fonte de energia (seja carvão, gás, vento ou solar) não foi a causa principal do apagão, mas sim a falha da infraestrutura de transmissão devido à tempestade sem precedentes e as configurações inadequadas do sistema que não permitiram o “ride-through” (capacidade de geradores permanecerem conectados durante perturbações na rede) dos parques eólicos.

Estes acontecimentos ajudam a desmistificar a ideia de que as energias renováveis foram a causa principal, destacando a complexidade da gestão da rede e a importância da robustez da infraestrutura face a eventos climáticos extremos.

Para uma análise mais aprofundada, pode consultar os relatórios e artigos sobre o apagão:

./Artigo elaborado com recurso a GEM-DIGI

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