
A proliferação da macroalga invasora Rugulopteryx okamurae representa uma séria ameaça para o turismo e a pesca no Algarve, alertou a bióloga Ester Serrão, da Universidade do Algarve. A acumulação massiva da alga nas praias pode torná-las impróprias para banhistas, exigindo a limpeza constante por parte das câmaras municipais.
«Se as câmaras não tirassem nada era a catástrofe total», afirmou Serrão à Lusa, destacando a dependência atual da indústria turística da remoção diária da biomassa.
Além do impacto no turismo, a alga também está a prejudicar a pesca. Pescadores da região relatam capturas com mais algas do que peixes, enquanto outros optam por não sair para o mar devido à infestação.
Ester Serrão, investigadora do CCMAR (Centro de Ciências do Mar), foi uma das primeiras a identificar a Rugulopteryx okamurae no continente português, em 2001, na praia Dona Ana. Desde então, a alga se espalhou rapidamente, alterando ecossistemas e causando a morte de outras espécies marinhas devido à falta de oxigénio.
A remoção da biomassa das praias é uma solução paliativa, mas danifica a areia e enfrenta desafios logísticos devido à falta de locais para descarte. Uma empresa no Algarve busca alternativas para remover a alga ainda no mar, mas a tarefa é complexa devido à sua rápida reprodução e grande quantidade.
A Rugulopteryx okamurae espalha-se facilmente, inclusive através de barcos de pesca e atividades de aquacultura, atingindo já a costa da Galiza, em Espanha. A bióloga enfatiza a gravidade do problema, comparada a outras invasões de algas.
Embora não haja relatos de toxicidade para humanos, a União Europeia classificou a Rugulopteryx okamurae como espécie invasora, restringindo sua utilização económica, embora a investigação científica continue a ser permitida. Contudo, Ester Serrão reconhece que, com base no conhecimento atual, a alga apresenta pouco potencial de utilização.
Apesar dos esforços para controlar a proliferação e encontrar soluções para o reaproveitamento da biomassa, a limpeza constante das praias continua a ser a principal medida para mitigar o impacto da alga invasora no Algarve.