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A Controversa Implementação do TPM 2.0 também no Ubuntu

Uma onda de descontentamento alastra-se pela comunidade de utilizadores do Ubuntu, um dos sistemas operativos Linux mais populares. A origem da insatisfação reside na recente decisão da Canonical, a empresa por detrás do Ubuntu, de apertar o cerco em torno da implementação do TPM 2.0 (Trusted Platform Module) na futura versão 25.10.

O TPM é um microchip de segurança que, em teoria, reforça a integridade do sistema, verificando se o software não foi alterado por agentes maliciosos. No entanto, a decisão da Canonical está a ser vista por muitos como uma manobra que se desvia dos princípios de liberdade e abertura que sempre nortearam o software de código aberto.

O Que Mudará na Versão 25.10?

A mudança mais significativa é a obrigatoriedade de ter o TPM 2.0 ativo em sistemas que executam o Ubuntu 25.10. Embora o módulo já estivesse presente em muitas máquinas modernas, o utilizador tinha a opção de o desativar. Com a nova versão, essa escolha será, efetivamente, eliminada. Para os críticos, esta é uma medida que não só restringe a liberdade de configuração, como também pode levar a problemas de compatibilidade em hardware mais antigo ou em sistemas sem o chip.

A preocupação de muitos utilizadores é que esta decisão seja o primeiro passo para um ecossistema mais fechado e controlado, à semelhança do que acontece em sistemas como o Windows 11. O medo é que a Canonical comece a impor requisitos de hardware cada vez mais rígidos, o que afastaria os utilizadores que valorizam a flexibilidade e a capacidade de dar uma segunda vida a hardware mais antigo.


A Canonical Defende-se

A Canonical ainda não emitiu uma declaração formal e abrangente sobre o assunto. No entanto, a empresa tem defendido a medida em fóruns de desenvolvimento e comunicados técnicos, argumentando que a implementação do TPM 2.0 é essencial para garantir a segurança dos utilizadores num cenário de ameaças cibernéticas cada vez mais sofisticado. O objetivo, segundo a empresa, é assegurar que o sistema operativo arranque num estado de confiança, livre de malware de baixo nível.


Divisão na Comunidade

A comunidade Linux, conhecida pela sua paixão e por vezes veemência, está dividida. Por um lado, há os que apoiam a decisão da Canonical, vendo-a como um passo necessário para tornar o Ubuntu mais seguro e apelativo para o mercado empresarial e para o utilizador comum, que não quer preocupar-se com configurações de segurança.

Por outro lado, o grupo que se opõe à medida é mais ruidoso e apaixonado. Estes utilizadores sentem que a Canonical está a trair os seus valores originais e a afastar-se da filosofia open source em favor de uma maior integração com o hardware proprietário. O receio de que esta seja uma porta aberta para a Digital Rights Management (DRM) a nível de hardware também é uma preocupação crescente.

A controvérsia em torno do TPM 2.0 está a testar a lealdade de muitos utilizadores ao Ubuntu. Será que a Canonical irá recuar e oferecer uma opção para desativar o módulo, ou manterá a sua posição, arriscando-se a afastar uma parte significativa da sua base de utilizadores mais dedicados? A resposta a esta pergunta definirá o futuro do Ubuntu e o seu lugar no ecossistema open source.

Redacção GEM-DIGI

Alcoutim
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